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Conheça o mal de Alzheimer: causas, tratamentos e sua história
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O mal de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que afeta progressivamente a memória, comportamento e demais capacidades cognitivas do indivíduo. Em estágios mais avançados, pode comprometer as atividades diárias e até mesmo impedir o reconhecimento de amigos e parentes.

No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 1 milhão de pessoas convivem com a doença, sendo o tipo de demência mais prevalente na população. 

Embora a doença não tenha cura, existem tratamentos que contribuem para a qualidade de vida dos pacientes e suas famílias. Por isso, é fundamental se atentar aos sinais e buscar amparo profissional o quanto antes para aprender a lidar com as complicações da patologia. 

Neste artigo, você vai entender quais são as causas e tratamentos disponíveis para o mal de Alzheimer. Continue a leitura para saber mais. 

O que é mal de Alzheimer?

Segundo o National Institutes of Health (NIH), a demência é definida como “uma perda de habilidades de pensamento, lembrança e raciocínio que interfere na vida e nas atividades diárias de uma pessoa”.

O mal de Alzheimer é o tipo de demência mais comum, em que as funções cerebrais e cognitivas são comprometidas de forma lenta e progressiva. Ou seja, a doença afeta a capacidade da pessoa pensar, falar, aprender, memorizar e planejar, entre outras atividades. 

O Alzheimer foi descrito pela primeira vez em 1906, pelo psiquiatra alemão chamado Alois Alzheimer, do qual inspirou e originou o nome da doença. 

Na ocasião, ele publicou o relato de um paciente saudável que, aos 51 anos, passou a apresentar perda de memória progressiva e outros sintomas característicos da doença. Após a sua morte, o médico realizou uma autópsia e descobriu as lesões cerebrais. 

Seus achados clínicos e patológicos foram relatados no artigo intitulado  “A characteristic serious disease of the cerebral cortex”. 

Desde então, descobriu-se que o desenvolvimento da doença acontece quando há a morte de neurônios em regiões específicas do cérebro. Causada principalmente por alterações tóxicas nas proteínas Beta-amiloide e Tau.

Veja a diferença entre um neurônio normal e outro afetado pelo mal de Alzheimer.

As regiões do cérebro, como o hipocampo e o córtex cerebral, são as principais áreas a serem danificadas pelo Alzheimer. Por isso, a perda de memória, dificuldade de raciocínio e controle da linguagem costumam ser os primeiros sintomas da doença. 

Além disso, pesquisas apontam que o Alzheimer pode causar a aceleração da neurodegeneração e limitar o suprimento de oxigênio e nutrientes vitais do cérebro necessários para que as células funcionem corretamente. 

Quais as causas do Alzheimer?

Ainda não se sabe qual a causa específica para a doença de Alzheimer, porém diversos fatores podem contribuir para o seu aparecimento ou até mesmo acelerar sua evolução.

Dito isso, é importante destacar que a patologia não é uma parte normal do envelhecimento, mas o envelhecimento é considerado o maior fator de risco. Pessoas com 65 anos ou mais têm um risco aumentado de desenvolver a doença a cada cinco anos.

Isso porque à medida que envelhecemos, os processos biológicos podem se tornar disfuncionais e contribuir para o desenvolvimento do mal de Alzheimer. As mulheres também possuem maior predisposição a desenvolver o Alzheimer do que os homens.

Apesar de não ser considerada uma condição hereditária, a genética e a presença de casos na família podem influenciar no desenvolvimento da doença. 

Além disso, o estilo de vida pouco saudável e problemas como hipertensão, diabetes, sedentarismo, tabagismo e o abuso de álcool são considerados fatores de risco.

Como detectar o mal de Alzheimer?

Por muita gente acreditar que a perda de memória faz parte do envelhecimento, o diagnóstico de Alzheimer pode ficar comprometido e tardio. Muitas pessoas, inclusive, não buscam ajuda profissional e só identificam a doença após conviver anos com ela. 

Não existe um exame definitivo para detectar a doença. Para diagnosticar um caso de Alzheimer, o médico analisa os sintomas apresentados, sendo necessário uma avaliação clínica e uma série de exames complementares para a exclusão de outras doenças. São eles:

  • Exames de sangue;
  • exames de imagem do cérebro (tomografia ou ressonância magnética);
  • avaliação neuropsicológica;
  • testes cognitivos; e
  • histórico médico da família. 

Receber o diagnóstico precoce de Alzheimer é fundamental pois permite uma maior perspectiva de se beneficiar dos tratamentos disponíveis, principalmente em relação à qualidade de vida do paciente.

Por isso, é importante ficar atento aos sinais de alerta e buscar acompanhamento médico com o aparecimento dos primeiros sintomas. 

Diagnóstico de doença cerebral com médico vendo filme de ressonância magnética. Imagem ilustrativa texto mal de Alzheimer
É preciso uma investigação médica completa para detectar o mal de Alzheimer.

Veja quais são os sintomas do Alzheimer

A falha na memória recente costuma ser o primeiro indício do mal de Alzheimer. Mas vale lembrar que este não é o único sinal. Quem sofre com o Alzheimer apresenta um início lento dos sintomas e uma piora progressiva do quadro. 

Com o avanço da doença, a pessoa pode apresentar dificuldade motora, problemas na comunicação verbal e desenvolver problemas como depressão e agressividade. As memórias antigas, que são inicialmente preservadas, também podem ser perdidas com a progressão do mal de Alzheimer. 

Todos os sintomas, por sua vez, comprometem as relações sociais e atividades básicas do paciente em determinado grau. Mas a manifestação e gravidade dos sintomas variam de acordo com o estágio que a doença se encontra, que são divididas em quatro fases. São elas:

Estágio pré-demência

O primeiro estágio é quando se manifestam os primeiros sintomas da doença, ainda de forma sutil. Muitas vezes, são confundidas com prejuízos decorrentes do envelhecimento ou estresse. 

Por isso, é importante redobrar a atenção para os sinais e procurar ajuda assim que houver suspeita do mal de Alzheimer. Entre eles, podemos destacar:

  • Perda de memória recente; 
  • apatia e irritabilidade;
  • falta de atenção;
  • dificuldade para encontrar palavras;
  • sinais depressivos;
  • perda de motivação e interesse;
  • desorientação no tempo e no espaço; e 
  • mudanças de humor e personalidade.

Estágio leve

No segundo estágio, os sintomas percebidos na pré-demência agravam-se com um comprometimento cognitivo leve. Apesar disso, o paciente ainda pode ser independente e realizar atividades como dirigir, trabalhar ou socializar. Diante disso, podemos destacar os seguintes sintomas:

  • dificuldade para lembrar o nome de pessoas, eventos e atividades;
  • esquecimento nas atividades diárias;
  • agitação e inquietação constante; 
  • dificuldade para falar, no aprendizado e concentração;
  • problemas de coordenação motora e dificuldade para realizar tarefas simples;
  • desorientação (como se esquecer do caminho de casa);
  • repetir constantemente as mesmas perguntas; e
  • distúrbios do sono, como a insônia.

Estágio moderado

Nesta fase, os sintomas ficam mais evidentes e já prejudicam a rotina do portador do Alzheimer. Ele se torna incapaz de viver sozinho, passando a ficar dependente da ajuda de outros indivíduos. 

A memória torna-se cada vez mais comprometida, com o esquecimento do nome de pessoas próximas, fatos importantes e até mesmo de atividades como limpar a casa e fazer as refeições. Sendo assim, podemos dizer que a fase moderada é caracterizada por:

  • não reconhecer pessoas e ambientes familiares;
  • dificuldade em ler, falar e entender as coisas com clareza;
  • confusão, agressividade ou desorientação;
  • incapacidade ou grande dificuldade de realizar tarefas diárias, como escovar dentes;
  • dificuldade para se alimentar e engolir;
  • pode ocorrer alucinações e delírios, como ver pessoas e ouvir vozes; 
  • deficiência motora progressiva; e
  • mudança de personalidade.

Estágio avançado (terminal)

O estágio mais avançado do Alzheimer é considerado a fase terminal, com as funções gravemente comprometidas e a incapacidade de processar novos dados. 

O paciente ainda pode ficar acamado ou necessitar de cadeira de rodas. Sendo assim, é necessário o acompanhamento e supervisão constante para auxílio a atividades básicas como alimentação, banho, entre outras. Nesta fase, o paciente pode apresentar: 

  • completa dependência de cuidados;
  • maior desorientação e confusão;
  • incontinência urinária e fecal; 
  • incapacidade de se comunicar;
  • dificuldade para se alimentar e prejuízos na deglutição;
  • dificuldades motoras e incapacidade de locomoção;
  • intensificação de comportamento inadequado, principalmente em público;
  • complicações na saúde física e mental;
  • sinais neurológicos graves, como rigidez, convulsões e tremores; e
  • não reconhecer familiares, amigos e locais conhecidos.
Médico examinando um idoso e apoiando nas suas mãos. Imagem ilustrativa texto mal de Alzheimer
O acompanhamento médico é fundamental desde o início dos sintomas.

Entenda quais os tratamentos disponíveis

Não há cura para o mal de Alzheimer. No geral, os tratamentos possuem o objetivo de aliviar os sintomas existentes e oferecer conforto e qualidade de vida ao paciente

Por isso, o tratamento deve ser multidisciplinar e incluir, além de médicos neurologistas, psiquiatras, clínicos gerais ou geriatras, outros profissionais complementares, como psicólogos, fisioterapeutas e enfermeiros. Entenda quais são as alternativas de tratamentos disponíveis:

Tratamento farmacológico

O tratamento farmacológico consiste no uso de medicamentos que inibam a degradação da acetilcolina, com o objetivo de estabilizar a doença e retardar a perda funcional. Donepezila, Rivastigmina e Galantamina são alguns exemplos.

Outras medicações específicas podem ser indicadas para controlar sintomas comportamentais e psicológicos, como agitação, agressividade, distúrbios do sono, ansiedade e depressão. É o caso dos antipsicóticos comumente usados para controlar as alucinações e delírios.

Suplementos alimentares, como ginkgo biloba, selegilina, vitamina E e ômega 3, também têm sido prescritos como complementares ao tratamento. 

No geral, os remédios beneficiam parcela significativa dos pacientes, porém têm efeito sintomático e eficácia modesta, além de apresentarem efeitos colaterais graves nos pacientes.

Por isso, as medicações devem ser prescritas exclusivamente pelo médico especialista responsável e usadas com cautela, seguindo as instruções corretamente.

Tratamento não farmacológico

Enquanto isso, o tratamento não farmacológico envolve o estímulo a atividades que visam estimular as habilidades cognitivas e as relações sociais do indivíduo. 

Isso inclui a prática de exercícios físicos, treino de memória e reabilitação cognitiva, manter hábitos de vida saudáveis com uma alimentação adequada, bem como a participação em programas culturais e lazer, atividades em grupo e convívio familiar.

Incorporar o acompanhamento com neuropsicologia, a psicoterapia e exercícios de meditação na rotina também ajuda a lidar com a doença com mais tranquilidade. 

O intuito dos tratamentos não farmacológicos, além de melhorar a qualidade de vida das pessoas portadoras de Alzheimer, seus cuidadores e familiares, é fazer com que ela seja capaz de desenvolver suas atividades mesmo com os sintomas da doença.

Cannabis medicinal como tratamento alternativo 

Diante das limitações terapêuticas do mal de Alzheimer, métodos alternativos e complementares vêm sendo explorados. 

Entre as novas abordagens, evidências corroboradas por estudos pré-clínicos e observacionais mostram que o uso medicinal da Cannabis no Alzheimer pode ser uma alternativa segura e eficaz.

Principalmente por apresentar baixos efeitos adversos, contribuir para a qualidade de vida do paciente e agir nos mecanismos fisiopatológicos da doença.

É importante destacar que apesar dos indícios consideráveis dos benefícios dos produtos de Cannabis, as evidências ainda são limitadas e são necessários mais estudos.

Como se prevenir do mal de Alzheimer?

Para se prevenir do mal de Alzheimer, é preciso cuidar da saúde mental e física. Estudos mostram que manter o condicionamento físico, uma alimentação saudável, dormir bem e aprender coisas novas pode ajudar a manter a saúde do cérebro e diminuir o risco de demência.

Cultivar o lazer e socializar com amigos, evitar o isolamento social e tratar quadros depressivos pode ajudar a adiar o agravamento dos sintomas. Assim como manter atividades que estimulam nosso cérebro, fazendo palavras cruzadas ou jogos de raciocínio lógico, que são fundamentais para manutenção da memória e cognição.

No mais, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e o tabagismo em excesso, além de tratar e prevenir condições cardiovasculares, também pode ajudar na prevenção do mal de Alzheimer.

É possível retardar a doença? 

Embora não tenha cura, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem colaborar para retardar o avanço da doença e a perda de funções cognitivas. 

No entanto, até o momento, ainda não existem métodos que atuem nos processos biológicos da doença, que possam interromper, reverter ou curar a demência. 

Dicas de como cuidar 

Idosa de óculos sentada em uma cadeira de rodas e sorrindo para a enfermeira. Imagem ilustrativa texto mal de Alzheimer
Pacientes que sofrem com o mal de Alzheimer necessitam de cuidados constantes.

Lidar com o mal de Alzheimer é desafiador tanto para o paciente portador quanto para os seus amigos e familiares.

Isso porque a doença exige uma série de adaptações e um cuidado constante, que precisam ser intensificados conforme a progressão da doença. Assim, separamos algumas dicas podem ajudar os cuidadores responsáveis:

  • Evite discussões e confrontamentos;
  • tenha paciência com perguntas repetitivas; 
  • responda seus questionamentos sempre com calma e frases curtas;
  • se a pessoa se esqueceu a morte de alguém próximo, não insista na lembrança da perda;
  • avalie a necessidade de instalação de equipamentos como barras de segurança, piso antiderrapante, redes de proteção, pulseiras de identificação, alarmes e outros; 
  • mantenha nomes e contatos fáceis de serem encontrados em situações de emergência; 
  • estabeleça uma rotina simples e se comprometa a ajudá-lo a cumprir; e
  • fique atento a possíveis lesões e ferimentos.

No mais, não assuma sozinho a responsabilidade de cuidar de um portador de Alzheimer. Envolva outros membros da família ou uma equipe profissional qualificada para tal. 

Vale lembrar que a recomendação é procurar um médico assim que houver a manifestação dos primeiros sinais em relação à memória e outras dificuldades características percebidas.

Deu para entender o que é o mal de Alzheimer, seus sintomas e principais tratamentos? Então, continue acompanhando o nosso blog e redes sociais, e mantenha-se informado. 

Referências

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