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Qual a diferença entre extrato de cannabis e Canabidiol?

Os produtos à base da Cannabis sativa para fins medicinais não são todos iguais. Eles podem ser um extrato de Cannabis ou canabidiol, conter diferentes substâncias ativas que são encontradas na planta, além das diferentes concentrações de cada uma delas. 

Podem ser encontrados mais de 400 compostos químicos na Cannabis. As principais substância ativas, que revelam efeitos terapêuticos, são os fitocanabinoides. Tais como, o Canabidiol (CBD), o Tetrahidrocanabinol (THC), ou o Cannabigerol (CBG).

Pensando no uso medicinal, cada um desses compostos ligam-se de formas diferentes ao corpo humano, provocando efeitos distintos. Quer entender melhor a diferença entre extrato de Cannabis e canabidiol? Acompanhe a leitura!

O que é Extrato de Cannabis?

Um produto de Cannabis pode ser feito do extrato completo da planta. Conhecido como extrato de Cannabis, ele contém todas as suas substâncias ativas, incluindo os fitocanabinoides e terpenos. 

Comumente ele é chamado de “Full Spectrum”, palavra derivada do mercado de Cannabis americano, mas que não cabe aos moldes regulatórios brasileiros, instituídos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Segundo as definições do órgão, fitocomplexo é o termo que designa:  o “conjunto de todas as substâncias, originadas do metabolismo primário ou secundário, responsáveis, em conjunto, pelos efeitos biológicos de uma planta medicinal ou de seus derivados”.

No mercado brasileiro, produtos que contenham o extrato completo da Cannabis podem, ainda sim, ter diferentes concentrações de cada ativo. Contudo, a legislação brasileira prevê que os produtos devem possuir, predominantemente, CBD e não mais que 0,2% de THC.

Entretanto, existem aqueles que fogem à regra, tendo uma concentração maior de THC, que são permitidos apenas em casos de cuidados paliativos para pacientes sem outras alternativas terapêuticas. 

Mãos com luvas manuseiam extrato de cor amarelada e consistência pegajosa em um frasco de vidro sob uma balança, utilizando instrumentos semelhantes a uma pinça.
O extrato de Cannabis contém todos os componentes químicos encontrados na planta.

O que é canabidiol?

Os fitocanabinoides mais conhecidos e que estão em maior abundância na planta são o Canabidiol (CBD) e o Tetrahidrocanabinol (THC) e, por isso, as pessoas tendem a confundi-los. 

Ambos possuem benefícios terapêuticos, porém, o THC possui também um efeito psicomimético que pode não ser tolerado por alguns pacientes. Majoritariamente, pacientes que são acometidos por distúrbios psicológicos. Já o CBD não possui esse efeito. 

O canabidiol, além de ser a nomenclatura de uma molécula ativa da Cannabis, também dá nome a um tipo de produto. Quando o produto recebe o nome de canabidiol, significa que ele possui apenas essa molécula em sua composição, ao contrário do extrato de Cannabis que possui várias delas.

Os maiores estudos científicos realizados com essa molécula demonstram seu potencial anti-inflamatório, ansiolítico e neuroprotetor. 

Conforme demonstrado pelas evidências científicas, o canabidiol pode ajudar no tratamento de dores, inflamações, problemas neurológicos e psiquiátricos. A principal indicação por estudos clínicos grandes e robustos, é para epilepsia refratária às medicações anticonvulsivantes.

Balão volumétrico de laboratório (recipiente grande e redondo de vidro) contendo substância oleosa
O canabidiol é uma das mais de 400 substâncias ativas encontradas na Cannabis e é possível fazer um produto apenas com essa molécula de forma isolada.

Ação dos Canabinoides

A nomenclatura “fito” significa “derivado de planta”. Enquanto os fitocanabinoides são encontrados na planta Cannabis sativa, existem os endocanabinoides, que são produzidos pelo próprio corpo humano, no sistema Endocanabinoide (SEC).

Além deles, o SEC produz os receptores endocanabinoides CB1 e CB2. Os efeitos terapêuticos se dão quando as substâncias ativas da planta se ligam com os receptores químicos do corpo humano.

Assim, quando uma substância se liga a algum desses receptores, ele pode ser ativado e iniciar uma cascata de eventos intracelulares que irão transmitir informação para outras células. 

Como esses receptores estão presentes em vários tipos de células do nosso corpo, a informação transmitida pode resultar em uma resposta diferente, de acordo com o local onde está sendo processada. 

Ou seja, é por isso que encontramos diversos benefícios no uso terapêutico da Cannabis. Ao mesmo tempo que pode auxiliar em uma dor localizada, como nos joelhos, em casos de lesões, por exemplo, ou em problemas neurológicos que afetam o cérebro. Ou mesmo regulando o apetite e inibindo náuseas. 

Confira a disposição do receptores endocanabinóides pelo corpo:

CB1 

É o principal receptor endocanabinoide e distribuído principalmente no Sistema Nervoso Central. Pode auxiliar na cognição, coordenação motora, apetite, memória de curto prazo, percepção da dor, batimento cardíaco, e metabolismo energético. Está ligado ao estresse, ansiedade, apetite, náusea, humor, sono, memória, entre outros. 

CB2

São encontrados em maior parte no Sistema Imunológico, embora também estejam presentes em menor quantidade no cérebro. Participa de eventos relacionados a imunomodulação, inflamação, neuroinflamação, neuroproteção, cardioproteção, e formação e renovação óssea. 

Pequena muda da planta Cannabis sativa em vaso preto ao fundo da imagem, com a estrutura de uma molécula de THC desenhada por cima.
Os canababinoides da Cannabis sativa podem interagir quimicamente em diversos locais do corpo humano.

Os produtos à base de Cannabis segundo à Anvisa

Em 2015, a Anvisa decidiu retirar o CBD da lista de substâncias proibidas e classificá-lo na lista de substâncias sujeitas a controle especial. Foi quando o mercado da Cannabis medicinal no Brasil pôde se desenvolver melhor.

Posteriormente, foram surgindo novas resoluções tratando sobre o tema, se adequando cada vez mais ao que vinha sendo comprovado por estudos científicos. Além disso, casos de pacientes obtendo resultados com a terapia foram ganhando repercussão.

Atualmente, a norma vigente que regulamenta o processo de concessão de autorização sanitária para a fabricação e importação de produtos à base de Cannabis além de requisitos para a comercialização é a Resolução da Diretoria Colegiada 327 (RDC327).

A resolução aborda critérios como a concentração de ativos nos produtos, quais os profissionais que podem prescrevê-los, em quais condições, como deve ser feita a importação e até como deve ser o controle de qualidade para fabricação em solo brasileiro, por exemplo. 

Uma dúvida comum é se o cultivo da Cannabis é realizado nacionalmente para os casos que a produção ocorre aqui, e a resposta é: não. A plantação e o cultivo da Cannabis ainda são totalmente proibidos no Brasil, tanto para o uso medicinal quanto industrial (para confecção de tecidos, por exemplo).

Dessa forma, as indústrias brasileiras que optem por fabricar um produto à base de Cannabis, seja ele um extrato de cannabis ou o Canabidiol Isolado, devem importar o insumo e fabricar a partir dele. E sempre seguindo todas as regras do órgão regulador, que é a Anvisa.

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