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Estamos diante da maior causa da cegueira permanente no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas o tratamento para glaucoma pode impedir o avanço da doença e barrar a perda total da visão, que é irreversível.
A Agência Internacional de Prevenção à Cegueira (IAPB) indicou que 3,2 milhões de pessoas ficaram cegas por conta do glaucoma de 2019 para 2020. O número é alto, pois a doença é silenciosa. Muitos pacientes podem apresentar visão normal e saudável até descobrirem que a sua pressão ocular está muito acima da média.
A pressão intraocular (PIO) alta é o principal sintoma que permite identificar a doença e o seu tratamento está relacionado à redução do nível desse índice. Alguns estudos mostraram o potencial do THC para esse fim.
Quer entender mais? Continue a leitura para saber como produtos à base de Cannabis poderiam ajudar no tratamento do glaucoma.
Os principais tipos de Glaucoma
A pressão ocular no glaucoma aumenta quando a circulação de um líquido transparente existente no interior do olho, chamado humor aquoso, para de circular da forma correta e começa a se acumular. Existem diferentes motivos que desencadeiam essa relação, que caracterizam os 4 tipos de glaucoma:
Glaucoma de ângulo fechado (agudo)
O glaucoma agudo ocorre de forma repentina. A pressão ocular aumenta de forma acelerada provocando dores agudas. O olho pode ficar inchado, vermelho e o paciente pode apresentar até náuseas e vômito. O diagnóstico é urgente e o tratamento deve começar rapidamente.
Glaucoma de ângulo aberto (crônico)
É o tipo mais comum, que se desenvolve devagar com o passar do tempo. Pode ser hereditário e é comum que o paciente comece a perder a visão periférica lateral (também chamada visão tubular) gradualmente. Ele pode começar a esbarrar nas coisas, pois vê bem o que está a sua frente, mas não o que está ao lado.
Esse é o tipo da doença que é silencioso. O paciente não apresenta nenhum sintoma até esse início de perda de visão, que é quando a doença está avançada.
Glaucoma congênito
É um tipo raro da doença que passa da mãe para o feto durante a gravidez. Com poucos meses de vida já se notam sintomas na criança, que podem ser: sensibilidade à luz, lacrimação em excesso e nebulosidade na parte frontal do olho.
Glaucoma secundário
Como o próprio nome diz, acaba sendo causado como uma consequência de outras doenças como diabetes ou pressão alta, ou mesmo pelo uso em excesso de corticosteroides.

Como funciona o tratamento para glaucoma?
O tratamento para o glaucoma é voltado para tentar normalizar o fluxo do humor aquoso e assim diminuir a PIO. Os medicamentos mais utilizados para isso são os colírios, que apesar de não conseguirem reverter os danos já causados, na maioria dos casos conseguem controlar a doença. Conheça os tipos principais de colírios usados para tratamento tópico (local):
- Análogos de prostaglandina: são os colírios mais atuais do mercado e que têm maior poder de reduzir a pressão intraocular. Atuam no aumento do escoamento do humor aquoso. Contudo, existem contra-indicações.
- Beta-bloqueadores: essa classe atua na diminuição da produção do humor aquoso. Atuam também reduzindo a frequência cardíaca e a pressão arterial, o que pode causar broncoespasmo (inchaço nas vias aéreas). Por isso, não são recomendados para pacientes portadores de asma, doenças cardíacas e diabetes.
- Agonistas alfa-adrenérgicos: atuam reduzindo a pressão intraocular de duas formas, a redução da produção de humor aquoso e também auxiliam no processo de drenagem desse líquido.
Não são recomendados para o tratamento em crianças menores de 2 anos e usuários de alguns antidepressivos.
- Inibidores de anidrase carbônica: pode diminuir a pressão ocular em até 25 a 40%, reduzindo a produção de humor aquoso. Também pode ser prescrito em forma de comprimido.
- Colinérgicos (mióticos): é o tipo de colírio mais indicado para o tratamento do glaucoma de ângulo fechado.
O seu efeito dá-se diretamente nos músculos oculares, desobstruindo o canal de drenagem dos olhos rapidamente.
O uso dos colírios pode ser indicado em conjunto com medicamentos orais. Lembrando que a automedicação é extremamente perigosa. Por isso, o paciente deve sempre buscar orientação de um médico, inclusive para uso dos colírios. Nos casos em que esse tratamento não é suficiente, pode ser indicado o laser, antes das cirurgias.

Além dos colírios
A trabeculoplastia a laser ajuda a melhorar o fluxo sanguíneo no local. Nesse tratamento é utilizada uma combinação de frequências do laser que tratam as células danificadas, deixando outras porções intactas.
Por fim, as medidas cirúrgicas são a última opção de tratamento para o glaucoma. Para os casos de ângulo fechado é indicada a iridectomia a laser. Nela é criada uma pequena abertura periférica na íris para que o humor aquoso escoe da câmara posterior para a câmara anterior do olho.
Já o procedimento cirúrgico denominado trabeculectomia, é indicado para controlar os casos de glaucoma em que o tratamento clínico não surte efeito e os exames que o quadro continua piorando. Ele consiste em fazer um canal para drenagem do líquido da câmara anterior do olho.
Glaucoma e Cannabis
Os efeitos terapêuticos da Cannabis potenciais para o tratamento de glaucoma foram evidenciados desde a década de 1970. Os estudos que abordam essa finalidade demonstram que a ação dos fitocanabinoides é capaz de reduzir a pressão ocular, as dores intensas nos olhos e a vermelhidão causadas pela doença.
O corpo humano possui um sistema que interage diretamente com as substâncias ativas produzidas pela planta Cannabis sativa, chamado sistema endocanabinoide. Os receptores desse sistema podem ser encontrados ao longo de todo o organismo.
Nesse sentido, sabe-se que eles estão presentes também em células relacionadas à visão. Os receptores CB1 foram detectados no corpo ciliar, malha trabecular, canal de Schlemm e retina. Já os receptores CB2, estão expressos na retina.
Dessa forma, as pesquisas já conduzidas evidenciaram principalmente o papel do tetrahidrocanabinol (THC). Ao se ligar a esses receptores, ele aumentou o número de células ganglionares sobreviventes em ambas às regiões centrais e periféricas da retina afetadas.
Além disso, ele também contribuiu diretamente para a redução da PIO. Contudo, notou-se um efeito passageiro. Por isso, ainda é necessária a condução de mais estudos e pesquisas que possam desenvolver uma forma de aumentar a janela de atuação da molécula.
A boa notícia é que existem relatos de pacientes que já realizam essa opção de tratamento e que tem tido resposta positiva. Um deles é o caso de Alexander Morentin, da Califórnia, nos Estados Unidos, que traz relatos da sua experiência através da sua página no facebook Glaucoma Hope.

Parceria da Ease Labs com Funed para colírio contra Glaucoma
Por conta desses benefícios e buscando opções de tratamento para o glaucoma que ofereçam menos efeitos colaterais, a Ease Labs firmou uma parceria com a Fundação Ezequiel Dias (Funed), referência em pesquisas científicas e soluções em saúde para o fortalecimento do SUS em Minas Gerais.
Agora, as instituições estão trabalhando juntas no preparo de uma formulação farmacêutica e avaliação pré-clínica do medicamento. A Ease Labs está contribuindo com a disponibilização dos insumos ativos para a pesquisa e com conhecimentos técnicos relacionados à Cannabis e às metodologias analíticas para viabilização do desenvolvimento do produto.
Ao longo do nosso conteúdo, você pode conhecer um pouco mais sobre essa patologia que atinge milhões de brasileiros todo ano. Apesar do diagnóstico, é possível encontrar tratamentos para retardar o avanço da doença.
Gostou de saber dessa novidade incrível para o tratamento de glaucoma? Continue acompanhando nosso blog e fique por dentro das inovações da ciência para o setor da saúde!
Referências
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